segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Não tenho um roteiro para essa postagem. Não há uma grande lição ou uma maravilhosa epifania. O que existe é apenas um desejo de que essas palavras possam se transformar em passarinhos e levar um sofrimento embora.
Sabe quando uma emoção, de tão grande, não cabe no peito, se dissolve na água que percorre o corpo e resolve conhecer as íris dos olhos? Assim ela lava as retinas, estas que tanta coisa já viram. As águas têm memórias. As águas trazem memórias...
... Memórias de um senhor carinhoso e brincalhão que uma netinha (parecida com uma indiazinha) dizia ser um leão-marinho. Momentos de conversas e ensinamentos, de observação profunda de uma rua, vista da janela do oitavo andar de um prédio em Belo Horizonte.
São pequenas lembranças sendo entrelaçadas por fortes sentimentos, formando assim uma colcha. E como essa colcha é bonita!
Visões de uma camisa levemente desabotoada, deixando aparecer um barrigão digno de Papai Noel brasileiro. Um bigode e cabelos ralos, claros, pintados (os restos de tinta respingados na parte de cima das orelhas não deixavam mentir).
Um senso de humor incrível... piadas repetidas várias e várias vezes fazem com que ele seja inesquecível a todos que com ele conversam.
Caneta, papel, giz, apagador... Material imprescindível para um excelente professor.
Flauta, coração... Material imprescindível para um bom músico.
E um grande amor. Um casamento de uma vida inteira. Um dia-a-dia cheio de pequenas discussões que fazem parte do show deles...
Sempre lembrarei das músicas, das histórias, das piadas, dos raros momentos de silêncio.
Agora começo a perceber a herança dele em mim.